Com a alta concorrência e as oportunidades em baixa, muitos profissionais em início de carreira estão atuando como autônomos.
A realidade do mercado, porém, exige resiliência. Confira as dicas de consultores para começar na advocacia.
Realidade do mercado
Atualmente, o número de profissionais inscritos na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) é de 1,2 milhões. O número de escritórios de advocacia existentes no Brasil ultrapassou a marca dos 100 mil em 2018, diz estudo da Selem, Bertozzi & Consultores Associados.
Comparado aos demais países, estima-se que o Brasil seja lidere o ranking mundial em número de cursos de direito: o mundo: são 1240 cursos de Direito existentes no país, contra 1. 100 existentes ao redor do mundo, aproximadamente. Os dados foram divulgados pelo Guia do Estudante, no ano passado.
Na opinião da OAB, a rápida expansão das faculdades de direito demonstra a falta de critérios adequados para a criação dos cursos. O alto índice de reprovação dos bacharéis no exame da ordem (75%) também é motivo de preocupação com a qualidade da formação acadêmica.
O número crescente de bacharéis em Direito que entram no mercado, anualmente, não corresponde às oportunidades de trabalho decrescentes. As vagas para concurso públicos estão em queda com a crise econômica. Em escritórios e departamentos jurídicos de empresas, algumas funções exercidas por advogados e paralegais foram suprimidas pelo uso de inteligência artificial e tecnologias digitais.
“Qualquer um sabe que em cinco anos esse mercado não vai conseguir absorver todo mundo.”
(Presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz em entrevista ao Valor Econômico)
Visão de negócios
Consultores apontam o descompasso entre formação acadêmica e experiência profissional, transformada por tendências como uberização, cultura do entendimento, marketing jurídico e equipes multidisciplinares, dentre outras.
Especialistas destacam a importância da conciliação e arbitragem realizadas em plataformas ou novas interfaces do Direito com outras áreas como tecnologia, moda, saúde, compliance, para os profissionais da advocacia.
Recrutadores afirmam que a formação acadêmica oferecida aos profissionais não desenvolve habilidades importantes para exercer a advocacia no contexto atual do mercado. A nova realidade exige tanto conhecimentos jurídicos como estratégia corporativa ou visão de negócios.
Ter visão de negócios significa pensar e agir estrategicamente para superar os desafios colocados pelas transformações do mercado. Com a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, por exemplo, surgem novas oportunidades para advocacia em diversas áreas do direito: internacional, do consumidor, saúde.
Alguns profissionais ingressam como associados ou tornam-se sócios em bancas de advocacia já existentes. Outros decidem começar uma sociedade de advogados ou atuar como autônomos, sem vínculos empregatícios com escritórios de advocacia ou empresas.
Trabalhar como autônomo, diretamente com clientes ou em colaboração com escritórios e empresas, pode ser uma estratégia para começar na advocacia.
A seguir, daremos dicas de como ingressar na advocacia.
7 dicas para começar na advocacia
1. Conheça mais sobre áreas do direito
O trabalho como autônomo traz possibilidades de ampliar seus conhecimentos jurídicos sobre áreas do direito, ao lidar com diferentes contextos em sua atuação. Tal experiência pode ser a base para seu desenvolvimento profissional e escolha por uma área de especialização.
2. Desenvolva competências e habilidades para autoformação
Em suas atividades, o profissional autônomo também “aprende a aprender” e pode desenvolver competências para metodologias ativas de aprendizagem, através da leitura publicações especializadas disponíveis online, ou vídeos com especialistas e consultores.
Para desenvolver competências de autoformação, deve-se explorar as interfaces do direito com outras áreas.
3. Aprenda mais sobre advocacia 4,0
Acompanhar as inovações tecnológicas, testar softwares e aplicativos jurídicos e outras ferramentas digitais pode impulsionar seu desenvolvimento profissional.
Ainda que seja tradicional, o direito também está se transformando com os impactos da automatização e digitalização em todas as atividades profissionais, no contexto da Revolução 4,0 ou quarta revolução industrial.
As ferramentas digitais aplicadas ao direito e a gestão dos negócios podem ser úteis para prestar serviços remotamente, ou acompanhar a tramitação e realizar atos em processos eletrônicos.
4. Acompanhe as novidades e tendências na advocacia
Alguns jornais online oferecem assinatura gratuita para advogados por prazo de 6 meses e produzem conteúdos especialmente desenvolvido para a advocacia. Acompanhar o debate contemporâneo sobre questões relativas à formação acadêmica e carreira, como gênero, empreendedorismo, tecnologia pode ser enriquecedor para sua experiência profissional.
5. Participe de webnars e eventos online
Algumas plataformas de mediação online, que atuam para conciliação e são credenciadas pelo Tribunal de Justiça, vem promovendo webnars com a participação dos inscritos através de ferramentas de videoconferência, como o Zoom.
Startups de tecnologia jurídica também promovem webnars sobre mudanças trazidas pela nova LGPD (Lei Geral de Proteção aos Dados) e outras atualidades.
Inscrever-se nestas plataformas para receber newsletter sobre blogs informativos ou eventos online pode ampliar sua visibilidade e contatos na rede, através da interação virtual ou colaboração em blogs.
6. Atue como advogado correspondente
O advogado correspondente ou correspondente jurídico atua como colaborador autônomo, contratado por advogados e escritórios para diligências, emergencial ou não, em outras varas e comarcas.
Os serviços prestados por advogados correspondentes incluem obtenção de cópias e documentos em cartórios ou de protocolos, retirada de documentos, protocolar petições, distribuir cartas precatórias, realizar audiências, entre outras atividades.
Ampliar sua visibilidade e conexões profissionais, ganhar experiência e aumentar sua renda são algumas das vantagens de atuar como correspondente jurídico.
7. Tenha um website ou blog
Sites e blogs dão visibilidade de advogados ou sociedades de advocacia, em pesquisas de motores de busca como o Google. Para escritórios pequenos ou profissionais autônomos, existem templates gratuitos que podem ser customizados e os preços para adquirir um domínio personalizado estão cada vez mais baratos.
A contratação de uma agência de marketing ou profissional especializado em marketing jurídico pode otimizar o tráfego de sites e blogs, utilizando técnicas e ferramentas de SEO (Search Engine Optimization) e SEM (Search Engine Marketing).
Atualmente, as palavras-chave e tags utilizadas em sites e blogs para SEO podem otimizar sua visibilidade local.
Resiliência
Em tempos de alta concorrência e oportunidades em baixa no mercado de trabalho, a resiliência é estratégica para seu desenvolvimento profissional. Fazer planos e replanejar, adaptar-se à realidade e perseverar em meio às dificuldades e obstáculos são atitudes importantes para uma carreira bem sucedida.
Recorte digital
Durante a pandemia do novo coronavírus, a equipe da Sercortes está trabalhando remotamente, para entregar aos clientes o Recorte Digital dos Diários de Justiça.
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